As lembranças de Mariana são precoces.
Ela se lembra desse dia, quando tinha um ano e meio, e foi conhecer a avó, que morava no Rio de janeiro.
Ela já andava e estava começando a falar.
Eram tempos das festas juninas. Foi quando ela aprendeu a falar: balão.
Lembra-se da festa que faziam toda vez que apontava para o céu, falando: balão!
Os pais iriam levá-la pela primeira vez... para a avó conhecer.
A expectativa era grande!
Ela podia sentir no ar a agitação de todos e os preparativos que antecederam o grande dia... A mãe fizera um vestido de tafetá azul, de babadinhos, para aquela ocasião. Comprara sapatinhos novos. Arrumara as malas. Tudo pronto... e, no dia marcado, foram para a Estação da Luz. Pegaram o trem para fazer a viagem.
O trem, uma “Maria fumaça”, era daqueles antigos, com caldeira e assentos de ripa de madeira polida. Entraram no trem. Não havia muita gente no vagão.
Os pais se acomodaram... sentaram-se para que a viagem tivesse início.
Ela pensava... quando será que toda aquela agitação iria parar?
Todos aqueles ruídos da estação... até que soa o apito. O trem se põe em movimento.
A janela aberta deixava o vento entrar, mas também as faíscas com um pouco de fumaça.
O pai pensou em fechar a janela...
Ela, no colo da mãe, inquieta com todo aquele movimento, começou a ficar muito incomodada com os postes que passavam correndo... sem parar pela janela.
O que podia fazer?
Mais rápida do que o pai... antes que ele fechasse a janela...
Pensou como resolver o problema.
Tirou o sapatinho do pé e atirou pela janela para fazer o trem parar.
A mãe ficou muito brava, por ter perdido o sapato.
Como iria ver a avó com um único pé de sapato?
Mariana (por Suely Laitano Nassif)
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