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Turma da MARIANA | Meninas Arco-Íris

18/03/2013

Caía uma chuva tão gostosa lá fora que Luísa desejou poder sair correndo da aula antes do sinal. Queria sentir os pingos no rosto, pisar nas poças pra escutar o barulho d’água, se refrescar daquele calor horroroso que não a deixava juntar dois mais dois sem perder a conta.

Cutucava Júlia com a ponta do lápis, impaciente, tentando se livrar um pouco da agitação. Será que só ela se sentia assim? Sempre mais interessada no “lá fora” do que na aula? Júlia se remexia, sinalizando que ficasse quieta, mas Luísa sabia que a amiga gostava que a provocasse.

Quando, enfim, o sinal tocou e Luísa pisou na calçada, restara uma fina garoa e a rua molhada. E poças! Puxou Júlia pela mão, apressando-a, e espalhando água por onde passava. Queria chegar logo em casa, estava ansiosa pelo copo de leite com bolo de chocolate que a mãe lhe prometera.

Enquanto tentava convencer a amiga a lanchar com ela, percebeu-a estancar. Voltou os olhos pra onde Júlia olhava, e estancou também. Num ponto do horizonte se abria uma clareira de um azul esverdeado que parecia pintado, tão vivo estava. A mancha de cor foi crescendo, crescendo, e, de repente, se podia perceber uma faixa avermelhada no horizonte ficando mais e mais forte, e, antes que as duas pudessem piscar, já se formava um céu listrado. Vermelho, azul, verde, amarelo... o arco-íris parecia sorrir  pra elas, cada vez maior.

Luísa pensava no bolo, e no leite, e na mãe que lhe esperava... mas não conseguia sair dali, encantada. Era tão raro um arco-íris exibido, se mostrando assim, sem fugir rápido... Pensou no pote de ouro que diziam haver ali na ponta, e nas mentiras que os adultos viviam inventando...


Então o arco-íris já tinha outras cores, estava se espalhando e se misturando todo. Cada vez mais transparente, e agora já rosa e amarelo e azul claro... Luísa apertou a mão de Júlia, como se pudesse com isso segurar o arco-íris ali, quietinho. Júlia achou graça do jeito da amiga. Percebeu um pesar em seu rosto, uma tristeza por saber que assim que piscassem mais demoradamente o céu voltaria a ser o de antes, só azul e nuvens passeando.

Quando, finalmente, tudo voltou ao normal, as duas seguiram, lentas, quietas, pensativas. A garoa cessara.

Luísa pensava que Júlia era colorida como o arco-íris. Sempre enfeitada, sempre feliz e iluminada.

Júlia pensava que Luísa era fugaz como o arco-íris. Sempre alegre e em movimento, vinha de repente, iluminando tudo, e de repente se ia, em busca sabe-se lá do quê...

As duas se olharam, sorrindo, como se uma adivinhasse os pensamentos da outra. Júlia resolveu aceitar o convite da amiga. Abraçaram-se, contentes, e saíram correndo em direção ao bolo de chocolate.

Enquanto olhava as meninas se lambuzando, felizes e barulhentas, a mãe de Luísa pensava em como a farra delas coloria sua vida. Luísa e Júlia eram como um lindo arco-íris num gostoso dia de garoa e sol...

AnaLú (por Ana Lúcia Sorrentino)



 
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